A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) protocolou nesta sexta-feira (7) um pedido formal à Conmebol solicitando a exclusão do Cerro Porteño, do Paraguai, da Libertadores Sub-20.
A ação acontece após o atacante Luighi, do Palmeiras, ser alvo de atos racistas durante a partida realizada na última quinta-feira. A CBF também encaminhou uma cópia da denúncia à Fifa. A intenção é assegurar que o caso seja acompanhado de perto e que medidas rigorosas sejam adotadas.
Apesar do movimento, a CBF foi muito criticada por demorar para se manifestar diante do caso. Somente depois da repercussão na imprensa nacional, internacional e da grande comoção nas redes sociais foi que a entidade veio à público manifestar repúdio ao ato racista.
O episódio ocorreu no estádio Gunther Vogel, em San Lorenzo, Paraguai, onde o Palmeiras enfrentou o Cerro Porteño pela Libertadores Sub-20. Durante a partida, um torcedor paraguaio foi flagrado imitando gestos de macaco direcionados ao jogador Luighi. Outros torcedores ainda ofenderam o atleta e até cuspiram nele.
Luighi visivelmente abalado, denunciou o ocorrido ao árbitro e, após ser substituído, foi às lágrimas no banco de reservas. Em entrevista pós-jogo, Luighi expressou sua indignação e dor, ressaltando que o que sofreu foi um crime e questionando até quando situações como essa continuarão a ocorrer.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, manifestou-se firmemente sobre o incidente, afirmando que buscará a exclusão do Cerro Porteño da competição. Ela destacou que não é a primeira vez que o clube paraguaio se envolve em episódios de racismo contra jogadores e torcedores do Palmeiras. Leila criticou a postura da Conmebol diante desses casos e ressaltou a necessidade de punições exemplares para combater o racismo no futebol.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, também se pronunciou, classificando o ato como chocante e inaceitável. Ele enfatizou que o racismo é um crime que deve ser combatido por todos e que a CBF está comprometida em buscar punições enérgicas para os responsáveis.
Desde maio de 2024, a Fifa implementou um protocolo global para combater o racismo no futebol. Este protocolo estabelece um procedimento de três etapas que os árbitros devem seguir ao presenciarem atos racistas durante uma partida:
Interrupção do jogo: o árbitro solicita um anúncio público exigindo o fim do comportamento discriminatório.
Suspensão temporária: se o comportamento persistir, o árbitro pode suspender a partida temporariamente e os jogadores se retiram para os vestiários.
Encerramento da partida: caso os atos racistas continuem, o árbitro pode encerrar definitivamente o jogo, atribuindo a derrota ao time associado aos atos discriminatórios.
Além disso, a Fifa introduziu um gesto específico para jogadores denunciarem atos racistas: cruzar os braços na altura dos punhos com as mãos estendidas. Esse gesto serve para alertar o árbitro sobre a ocorrência de comportamentos discriminatórios.
A CBF e o Palmeiras aguardam a resposta da Conmebol e da Fifa sobre as medidas que serão adotadas em relação ao Cerro Porteño. O objetivo é que punições desportivas severas sejam aplicadas, incluindo a possível exclusão do clube paraguaio da Libertadores Sub-20 e outras sanções que sirvam como exemplo na luta contra o racismo no futebol.
Este incidente ressalta a importância de uma postura firme e coordenada das entidades esportivas na erradicação do racismo, garantindo um ambiente seguro e respeitoso para todos os atletas e torcedores.
