Baratas podem sobreviver ao apocalipse? O que a ciência já descobriu sobre elas

Mesmo temidas nas cidades, esses insetos têm funções essenciais na natureza e características que impressionam os cientistas

Cassiane Chagas
15/06/2025 16h43 - Atualizado há 9 horas
Baratas podem sobreviver ao apocalipse? O que a ciência já descobriu sobre elas
Barata-americana, espécie comum no Brasil, é estudada por sua resistência e papel ecológico importante / Foto ilustrativa: Pixabay.

 

 

 

Embora gerem repulsa na maioria das pessoas, as baratas são seres vivos de notável importância ecológica e dotadas de capacidades impressionantes. Essas qualidades foram detalhadas pela bióloga e pesquisadora científica Adriana Rios Lopes, do Instituto Butantan, em entrevista ao portal da instituição.

 

Além de resistirem a ambientes extremos e produtos químicos, as baratas cumprem funções cruciais no equilíbrio ambiental, e suas características físicas e comportamentais ainda intrigam a ciência. Segundo o Instituto Butantan, entender melhor esses insetos pode ajudar a desmistificá-los e revelar como evoluíram para se tornarem sobreviventes natos.

 

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O que são as baratas?

 

As baratas fazem parte da ordem Blattodea, nome derivado do latim blatta, que significa "barata". Elas também pertencem à superordem Dictyoptera, que em grego antigo se traduz como “rede com asas”.

 

 

Esses insetos existem há mais de 300 milhões de anos e contam hoje com cerca de 5.000 espécies catalogadas no planeta.

 

Classificadas como artrópodes, possuem um exoesqueleto de quitina, seis pernas articuladas e um par de antenas. Curiosamente, todas as baratas têm asas, mas só as desenvolvem na fase adulta. Ainda assim, preferem deslocar-se rastejando ou escalando, voando apenas em situações de fuga ou para percorrer distâncias maiores.

 

 

Dieta e papel na natureza

 

Onívoras por natureza, as baratas se alimentam de matéria orgânica em decomposição, como restos de plantas e animais. Essa dieta rica em amido, gordura, açúcar, fungos e bactérias não só alimenta como abastece suas reservas metabólicas, permitindo que sobrevivam por dias sem comer ou beber.

 

No ambiente urbano, são atraídas por locais úmidos e com acúmulo de lixo, como esgotos e lixeiras. Mas mesmo nesses contextos, elas têm papel na decomposição da matéria orgânica e servem de alimento para aves, escorpiões, quelônios e outros predadores naturais.

 

Por resistirem a patógenos perigosos para os humanos, as baratas também se tornaram objeto de estudos científicos voltados à compreensão de mecanismos de defesa biológica.

 

 

Baratas sobreviveriam ao fim do mundo?

 

A crença de que só as baratas sobreviveriam a um apocalipse não é totalmente infundada. Elas possuem uma combinação de fatores que explica sua incrível resistência:

 

Ciclo de vida rápido:

✔ Vão de ovos à fase adulta em dois a nove meses, dependendo da espécie.

 

 

Alta fecundidade:

✔ Cada fêmea pode colocar até 50 ovos por vez, entre 5 e 20 vezes ao longo da vida.

 

 

Armazenamento de energia:

✔ Aquela substância branca que aparece ao serem esmagadas é uma reserva de gordura que as mantém vivas por longos períodos sem alimento.

 

 

Resistência mecânica:

Conseguem sobreviver sem a cabeça por dias, caminhando normalmente graças à localização dos centros nervosos distribuídos pelo corpo.

 

 

Preferência por ambientes escuros e úmidos, o que reduz o risco de predação e os ajuda a manter a hidratação.

 

Além disso, baratas são naturalmente resistentes a inseticidas, bactérias, fungos e produtos químicos, fatores que podem eliminar a humanidade, mas não necessariamente esses insetos.

 

 

Asas, pernas e curiosidades anatômicas

 

A famosa expressão “barata com saia” pode até soar engraçada, mas não é totalmente desprovida de lógica. Suas asas, feitas de quitina, lembram uma saia quando abertas para o voo. Elas possuem quatro asas, organizadas em dois pares: um superior mais duro e protetor, e outro inferior, mais delicado e funcional para voar.

 

Já suas pernas não são “peludas”, embora pareçam. O que se vê são estruturas pontiagudas, parecidas com pequenos espinhos. Além de auxiliarem na defesa contra predadores, essas protuberâncias ajudam na fixação ao solo e conferem estabilidade em suas rápidas corridas.

 

 

Esses membros são altamente musculosos, permitindo que se movam com agilidade e até levantem voo quando necessário.

 

 

Dormem e preferem locais escondidos

 

Sim, baratas dormem, principalmente durante o dia. Como são animais noturnos, procuram ambientes escuros e protegidos para repousar. Caixas, guarda-roupas, galpões e até covas são alguns dos esconderijos favoritos, especialmente da barata-americana (Periplaneta americana), bastante comum em áreas urbanas no Brasil. 

Outras espécies, como a barata-de-madagascar, preferem habitar áreas de mata. O comportamento discreto tem função estratégica: manter-se longe de predadores e conservar água, essencial para sua sobrevivência.

 

Com informações: Agência SP.

 


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