Nos últimos meses, inteligência artificial (IA) virou sinônimo de futuro — e de polêmica. Do LinkedIn aos grandes eventos de tecnologia, a promessa é sempre a mesma: a IA vai transformar o marketing digital. Mas será que isso já está acontecendo de verdade? Ou estamos diante de mais um hype tecnológico com mais espuma do que sustância?
O especialista em marketing digital Ruan Cabrera entra no centro dessa discussão e aponta o que já é concreto e o que ainda está no campo da ficção. Segundo ele, apesar dos avanços, o uso da IA generativa ainda é cercado por exageros e expectativas fora da realidade.
“É inegável que a IA trouxe avanços, especialmente na automação de tarefas repetitivas e na aceleração de processos criativos. Porém, ainda há muito exagero sobre o que ela realmente pode entregar em termos de estratégia e resultados consistentes”, afirma Cabrera.
Segundo Cabrera, existem áreas do marketing digital onde a IA já deixou de ser promessa e passou a ser ferramenta concreta. Entre elas:
Ferramentas baseadas em machine learning analisam grandes volumes de dados e ajudam a tomar decisões mais rápidas e precisas. Isso inclui desde a identificação de padrões de comportamento até a distribuição mais eficiente de orçamento publicitário.
“Esse é um ponto em que a IA já mostra valor concreto: economiza tempo e reduz desperdício, especialmente em campanhas de performance”, explica o especialista.
Outra área em que a IA já marca presença é a criação de conteúdo. Plataformas generativas têm sido usadas para:
✔ Esboçar textos publicitários
✔ Gerar imagens automatizadas
✔ Criar variações de anúncios em tempo recorde
Mas, como alerta Cabrera, a produção automatizada não substitui a mente criativa. “As ferramentas entregam agilidade, mas não substituem a visão criativa e a sensibilidade cultural necessárias para conectar uma marca ao seu público.”
Entre as promessas que ainda estão longe de se realizar, Cabrera destaca dois pontos:
✔ Substituição completa da criação humana
✔ Planejamento de campanhas do zero, sem intervenção humana
Ou seja, a IA ainda não é capaz de tomar decisões estratégicas com autonomia plena, como alguns entusiastas sugerem.
“Muitos acreditam que a IA vai planejar campanhas do zero sozinha, mas isso ainda é uma visão futurista. Hoje, o uso mais responsável é como copiloto, e não como piloto da estratégia”, pontua.
Para Cabrera, o verdadeiro diferencial competitivo está em usar a IA como aliada, e não como substituta do profissional de marketing.“O profissional que souber integrar bem a tecnologia aos seus fluxos de trabalho terá uma vantagem real. Mas acreditar que a IA resolverá todos os problemas sozinha é uma armadilha que pode custar caro às empresas.”
Por mais que a IA traga ferramentas poderosas, a essência do marketing — conectar marcas e pessoas — ainda depende de empatia, criatividade e visão humana, finaliza.