Cientistas criam metais 2D com espessura atômica inédita

Avanço abre caminho para novas aplicações tecnológicas e revoluciona a ciência dos materiais.

Por Rosalvo Oliveira
13/03/2025 11h18 - Atualizado há 1 mês
Cientistas criam metais 2D com espessura atômica inédita
Cientistas chineses criam metais com apenas um átomo de espessura, abrindo novas possibilidades tecnológicas. Foto: Divulgação via Xinhua

Uma equipe de cientistas chineses alcançou um feito inédito ao fabricar metais bidimensionais (2D) com apenas um átomo de espessura. O feito, marca um avanço significativo na ciência dos materiais. A pesquisa, conduzida pelo Instituto de Física (IOP) da Academia Chinesa de Ciências, foi publicada recentemente na revista Nature e pode revolucionar diversas áreas tecnológicas.

Desde a descoberta do grafeno em 2004, os materiais 2D têm sido objeto de intenso estudo, impulsionando avanços na física da matéria condensada e na nanotecnologia. Entretanto, a criação de metais bidimensionais sempre foi um desafio devido à natureza das ligações metálicas, que tendem a se manter em todas as direções.

Com o desenvolvimento de um novo método de compressão chamado van der Waals, os pesquisadores conseguiram fabricar metais 2D extremamente finos, incluindo bismuto, estanho, chumbo, índio e gálio. A espessura desses metais é tão reduzida que equivale a um 200.000º do diâmetro de um fio de cabelo humano, tornando-os um milhão de vezes mais finos que uma folha de papel.

A revolução dos metais 2D

O principal pesquisador do estudo, Zhang Guangyu, explicou que, se fosse possível comprimir um cubo de metal de três metros em uma única camada atômica, ele cobriria toda a área de Pequim. Esse nível de miniaturização pode abrir portas para aplicações inovadoras em dispositivos eletrônicos, optoeletrônicos e catalisadores de alta eficiência.

Outro membro da equipe, Du Luojun, destacou que esse avanço preenche uma lacuna na família dos materiais 2D e tem potencial para gerar impactos tão revolucionários quanto os metais tridimensionais (3D) no passado.

"Assim como os metais convencionais impulsionaram as eras do cobre, bronze e ferro, os metais 2D podem ser a base de uma nova era tecnológica", afirmou Zhang. Segundo o pesquisador, essas estruturas ultrafinas podem ser utilizadas em transistores de baixa potência, dispositivos de alta frequência, telas transparentes, sensores ultrassensíveis e novos catalisadores químicos.

 
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O impacto na ciência e na tecnologia

O reconhecimento do estudo por revisores internacionais confirma sua relevância na área de nanotecnologia. A possibilidade de manipular metais nesse nível de precisão pode levar à criação de dispositivos eletrônicos mais eficientes e sustentáveis.

Além disso, a descoberta pode impulsionar a busca por chips menores e mais rápidos, um dos maiores desafios da indústria tecnológica. Hoje, a miniaturização enfrenta barreiras físicas que podem ser superadas com materiais de camada atômica.

A pesquisa ainda está nos estágios iniciais, mas os cientistas acreditam que essa tecnologia pode mudar radicalmente a forma como os metais são utilizados na eletrônica, na computação quântica e na produção de energia.

Esse avanço posiciona a China na vanguarda da nanotecnologia e abre um novo capítulo na ciência dos materiais. A revolução dos metais 2D pode estar apenas começando, mas seus impactos prometem ser duradouros e transformar inúmeros setores da economia global.


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