Governo libera crédito extra de R$ 30 bi para empresas; pequenas e médias também terão acesso

Fundo pretende minimizar impactos causados às empresas brasileiras pelo tarifaço

Cassiane Chagas
09/09/2025 08h50 - Atualizado há 1 dia
Governo libera crédito extra de R$ 30 bi para empresas; pequenas e médias também terão acesso
Plano Brasil Soberano destina crédito extra de R$ 30 bilhões para exportadores impactados por tarifas dos EUA / Foto ilustrativa: Portal do Governo SP.

 

 

O governo federal anunciou recentemente, por meio de medida provisória, a liberação de um crédito extraordinário de R$ 30 bilhões com o objetivo de mitigar os impactos causados às empresas brasileiras pelas novas tarifas impostas pelos Estados Unidos. A medida integra o Plano Brasil Soberano, que tem como foco proteger e apoiar empresas nacionais afetadas pelas restrições comerciais.

 

O valor será destinado ao Fundo Garantidor de Exportações (FGE), viabilizando acesso a crédito com taxas de juros acessíveis. Segundo o governo, haverá prioridade para empresas que não possuem alternativas comerciais além do mercado norte-americano. Os critérios de seleção incluem o grau de dependência do faturamento com os EUA, o tipo de produto exportado e o porte da empresa.

 

Além disso, pequenas e médias empresas também poderão recorrer a fundos garantidores para obter apoio financeiro. No entanto, o acesso aos créditos estará condicionado à manutenção do número de empregos por parte dessas empresas.

 

 

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Recursos para fundos garantidores

 

A medida também prevê aportes adicionais em outros fundos estratégicos voltados ao estímulo das exportações:

✔ R$ 1,5 bilhão no Fundo Garantidor do Comércio Exterior (FGCE)

✔ R$ 2 bilhões no Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), operado pelo BNDES

✔ R$ 1 bilhão no Fundo de Garantia de Operações (FGO), do Banco do Brasil

 

Todos esses recursos têm como foco principal facilitar o acesso ao crédito por pequenos e médios exportadores, considerados mais vulneráveis ao cenário internacional.

 

 

 

O contexto das tarifas

 

A iniciativa surge em resposta direta ao tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos, sob a gestão do presidente Donald Trump. No dia 2 de abril, Washington passou a aplicar tarifas alfandegárias diferenciadas com base no déficit comercial com os países. Como os EUA têm superávit comercial com o Brasil, inicialmente foi estabelecida uma taxa mais leve, de 10%.

 

Entretanto, no dia 6 de agosto, entrou em vigor uma tarifa adicional de 40% contra produtos brasileiros. A medida foi adotada em retaliação a decisões brasileiras que, segundo Trump, afetariam as big techs dos EUA. Também foi apontada como reação política ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. Com a nova taxação, 35,6% das exportações brasileiras aos EUA estão agora sob uma tarifa de 50%, impactando diretamente diversos setores da economia nacional.

 

 

Quem pode acessar os recursos?

As ações do Plano Brasil Soberano poderão ser acessadas por:

  • Pessoas jurídicas que exportem para os EUA bens impactados pelas tarifas e estejam registradas nos sistemas oficiais de comércio exterior

  • Pessoas físicas, desde que exportem profissionalmente e estejam registradas como:

  • Empresas individuais
  • Microempreendedores Individuais (MEI)
  • Produtores rurais com CNPJ

 

Para participar, é obrigatório que o interessado esteja em situação regular com a Receita Federal (RFB) e com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) no que diz respeito a tributos e contribuições federais. Empresas em recuperação judicial, extrajudicial, falência ou liquidação não poderão acessar os benefícios, exceto se apresentarem plano de recuperação aprovado judicialmente.

 

 

Critérios de prioridade

 

O acesso será priorizado para empresas que tenham registrado, entre julho de 2024 e junho de 2025, ao menos 5% do faturamento total com produtos impactados pelas tarifas adicionais. Empresas com 20% ou mais do faturamento total vindo dessas exportações poderão ter acesso a linhas de crédito com condições ainda mais vantajosas.

 

No caso das garantias do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC-FGI Solidário), somente empresas com faturamento bruto anual de até R$ 300 milhões no ano anterior poderão se beneficiar.

 

 

Outras medidas do plano

 

 

O Plano Brasil Soberano também prevê:

✔ Prorrogação da suspensão de tributos para empresas exportadoras

✔ Aumento do percentual de restituição de tributos federais via Reintegra

✔ Facilitação da compra de gêneros alimentícios por órgãos públicos, favorecendo a produção nacional

 

Com essas medidas, o governo busca fortalecer a competitividade das empresas brasileiras, garantindo que consigam manter suas operações mesmo diante das adversidades impostas no cenário internacional.

 

 

Com informações: Agência Brasil.


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