Surto de sarampo nos EUA expõe desafios na vacinação infantil

Casos ultrapassam 300 em 2025, com duas mortes registradas; baixa cobertura vacinal preocupa autoridades.

Por Geisa Ferreira da Silva
17/03/2025 16h16 - Atualizado há 1 mês
Surto de sarampo nos EUA expõe desafios na vacinação infantil
Estados Unidos enfrentam surto de sarampo com duas mortes confirmadas e mais de 300 casos. Foto: Freepik

Acredite se quiser, precisamos de novo falar em vacinação. O ressurgimento do sarampo nos Estados Unidos em 2025 acendeu um alerta nas autoridades de saúde pública. Até 14 de março, foram confirmados 301 casos da doença, superando o total de 285 infecções registradas em todo o ano de 2024.

Este aumento significativo é atribuído, em grande parte, a surtos concentrados nos estados do Texas e Novo México, regiões que enfrentam desafios específicos relacionados à vacinação.

Panorama dos casos 

O condado de Gaines, no oeste do Texas, é considerado o epicentro do surto, já que concentra 174 casos até meados de março. A situação é agravada pela infraestrutura de saúde limitada na região, com 64 dos 254 condados do Texas sem hospitais, dificultando uma resposta eficaz contra a profiferação da doença.

No Novo México, os casos aumentaram de 33 para 35 em um curto período, com o condado de Lea, adjacente ao condado de Gaines, sendo o mais afetado. Este aumento levou as autoridades de saúde a intensificarem as campanhas de vacinação e a vigilância epidemiológica para conter a propagação do vírus.

Perfil dos infectados

A análise dos casos revela que 95% dos infectados tinham status vacinal considerado "não vacinado ou desconhecido". Apenas uma pequena fração, de 3%, recebeu uma dose da vacina, enquanto 2% completaram o esquema vacinal com as duas doses recomendadas. 

Além disso, duas mortes foram registradas: uma criança não vacinada no Texas e um adulto no Novo México, ressaltando a gravidade potencial do sarampo, especialmente entre os não imunizados.

Declínio na cobertura vacinal 

A taxa de vacinação infantil nos EUA tem apresentado uma tendência de queda nos últimos anos, uma situação que se agravou durante a pandemia de COVID-19 devido a interrupções nos serviços de saúde e ao aumento da desinformação sobre vacinas.

Atualmente, a cobertura vacinal está abaixo dos 93%, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma taxa mínima de 95% para garantir a imunidade coletiva e prevenir surtos de doenças como o sarampo.

A disseminação de informações falsas por movimentos antivacina desempenha um papel significativo na redução das taxas de imunização. Figuras públicas que questionam a segurança e a eficácia das vacinas contribuem para a hesitação vacinal, colocando comunidades inteiras em risco. 

Resposta das autoridades 

Diante do surto, as autoridades de saúde intensificaram as campanhas de vacinação, especialmente nas áreas mais afetadas. Foram estabelecidas clínicas de vacinação emergenciais com o apoio dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, para aumentar rapidamente a cobertura vacinal e conter a propagação do vírus.

Além disso, esforços estão sendo direcionados para combater a desinformação sobre vacinas. Profissionais de saúde e organizações comunitárias estão trabalhando para fornecer informações precisas e baseadas em evidências à população, destacando a segurança e a importância da vacinação na prevenção de doenças graves.

Importância da vacinação

O sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode levar a complicações graves, como pneumonia, encefalite e até a morte. A vacinação é a medida mais eficaz para prevenir a infecção e suas complicações. 

A vacina contra o sarampo, caxumba e rubéola (MMR) é segura e altamente eficaz, proporcionando imunidade duradoura após a administração das duas doses recomendadas.

A hesitação ou recusa em vacinar não afeta apenas o indivíduo, mas também compromete a saúde coletiva, especialmente de pessoas que não podem ser vacinadas por razões médicas e dependem da imunidade de grupo para sua proteção.

Portanto, manter altas taxas de vacinação é essencial para evitar o ressurgimento de doenças que já foram controladas ou eliminadas.

 

Sarampo no Brasil

No Brasil, a vacinação contra o sarampo faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola (SCR), é aplicada em duas doses: a primeira aos 12 meses e a segunda aos 15 meses de idade.

Nos últimos anos, a cobertura vacinal no país também tem apresentado queda preocupante, ficando abaixo dos 95%. 

Além disso, surtos de sarampo voltaram a ser registrados no Brasil desde 2018, principalmente em estados como São Paulo, Amazonas e Pará. Por isso, o Ministério da Saúde promove campanhas de vacinação periódicas, com doses de reforço para crianças, adolescentes e adultos não imunizados.

A melhor forma de prevenção continua sendo a vacinação em massa, garantindo que o sarampo permaneça controlado e evitando novas epidemias no país.

 


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