Consumo diário de bolachas recheadas pode reduzir 39 minutos de vida saudável

Estudo revela que alimentos ultraprocessados, como bolachas recheadas, impactam negativamente a saúde e o meio ambiente

Cassiane Chagas
11/05/2025 21h02 - Atualizado há 2 dias
Consumo diário de bolachas recheadas pode reduzir 39 minutos de vida saudável
Bolachas recheadas: consumo diário pode reduzir minutos de vida saudável e impactar o meio ambiente / Foto: Freepik.

 

 

 

Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Técnica da Dinamarca (DTU) aponta que o consumo diário de aproximadamente 115 gramas de bolachas recheadas, menos de um pacote, está associado à perda média de 39 minutos de vida saudável.

 

A pesquisa, publicada na revista científica International Journal of Environmental Research and Public Health, utilizou o Índice Nutricional de Saúde (HENI) para avaliar o impacto de 33 alimentos comuns na dieta brasileira sobre a saúde e o meio ambiente.

 

 

Não se trata do consumo de uma única bolacha, nem de uma única vez na vida, mas sim um consumo contínuo dessa porção de bolachas. Se a pessoa consome por muitos anos e de forma diária, esse hábito irá reduzir o tempo de vida saudável dela”, diz Aline Martins de Carvalho professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP em entrevista ao Jornal USP.

 

 

Leia Também

 

Alimentos ultraprocessados e a saúde

 

Os alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas a partir de substâncias derivadas de alimentos e aditivos alimentares cosméticos, com pouco ou nenhum alimento in natura ou minimamente processado.

 

Esses produtos são frequentemente ricos em energia e nutricionalmente desequilibrados, contendo altos níveis de sódio, gorduras e açúcares. Estudos anteriores já associaram o consumo desses alimentos a um risco aumentado de pelo menos 32 agravos à saúde humana, incluindo câncer, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e problemas de saúde mental, como depressão.

 

Impacto ambiental dos alimentos

 

Além dos efeitos adversos à saúde, o estudo também avaliou o impacto ambiental dos alimentos analisados. Produtos de origem animal, especialmente a carne vermelha, apresentaram os maiores custos ambientais, com altas emissões de gases de efeito estufa e grande consumo de água. Por outro lado, alimentos de origem vegetal, como feijão e frutas, tiveram melhores pontuações no HENI e menores impactos ambientais.

 

 

Dieta brasileira e monotonia alimentar

 

A pesquisa identificou uma dieta centrada em arroz, feijão e carnes bovina, suína e de frango nas diferentes regiões do Brasil. Houve também a constatação de uma monotonia alimentar e consumo reduzido de alimentos nativos e biodiversos, essenciais para melhorar tanto a nutrição quanto a sustentabilidade.

 

 

As piores médias do índice foram observadas nas regiões Nordeste e parte da região Norte, com variações de -61,15 minutos para o consumo de carne seca até +41,43 minutos para o consumo de açaí com granola.

 

 

Nossas descobertas fornecem entendimentos valiosos sobre as consequências reais das escolhas alimentares individuais e institucionais, demonstrando seus impactos mensuráveis na saúde e no meio ambiente”, informam os pesquisadores no artigo, O artigo está disponível aqui.

 

 

 

Recomendações e políticas públicas

 

 

Os autores do estudo recomendam a adoção de medidas regulatórias e fiscais pelos governos para permitir à população fazer escolhas alimentares mais saudáveis. Isso inclui a rotulagem nutricional frontal, regulação da venda de alimentos nas escolas, regulação da publicidade, subsídios para alimentos in natura e minimamente processados, e maior tributação de produtos nocivos à saúde.

 

Com informações: Agência de Notícias do Governo do Estado de São Paulo.


Tags »
Notícias Relacionadas »