Ataque de drone russo danifica estrutura de contenção na Usina de Chernobyl

Incidente não elevou níveis de radiação, mas Zelensky alerta para ameaça global.

Por Willian Oliveira
14/02/2025 06h04 - Atualizado há 2 meses
Ataque de drone russo danifica estrutura de contenção na Usina de Chernobyl
Estrutura de contenção do reator 4 de Chernobyl danificada após ataque de drone russo. Foto: Divulgação Ucrânia

Na madrugada desta sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025, um drone russo carregado com uma ogiva de alto poder explosivo atingiu a estrutura de contenção da Usina Nuclear de Chernobyl, localizada na região de Kiev, Ucrânia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, informou que o ataque causou danos significativos à estrutura que protege o reator 4, cenário do desastre nuclear de 1986. Apesar do impacto e do incêndio subsequente, os níveis de radiação permanecem estáveis e estão sendo monitorados constantemente.

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O presidente Zelensky condenou veementemente o ataque, destacando que a estrutura danificada foi construída em 2016 com a colaboração de diversos países comprometidos com a segurança global. Ele afirmou que "o único país no mundo que ataca tais instalações, ocupa usinas nucleares e conduz hostilidades sem qualquer consideração pelas consequências é a Rússia de hoje". Zelensky enfatizou que este incidente representa uma ameaça terrorista para o mundo inteiro e pediu uma pressão internacional unificada para responsabilizar a Rússia por suas ações.

Preocupações com a Segurança Nuclear

O Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA) confirmou o incidente, relatando que o ataque ocorreu por volta das 01h50, horário local. Embora a estrutura de contenção tenha sido danificada, não há indicações de uma brecha na contenção interna, e os níveis de radiação dentro e fora da instalação permanecem normais e estáveis. Não foram registradas vítimas.

Rafael Grossi, diretor-geral do OIEA, expressou preocupação, afirmando que este ataque, juntamente com o aumento da atividade militar nas proximidades da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia, destaca os riscos persistentes para a segurança nuclear. O OIEA tem alertado repetidamente sobre os perigos de um possível acidente nuclear devido aos combates em torno das instalações nucleares ucranianas.

Contexto do Conflito

Este ataque ocorre em meio a um conflito contínuo entre a Rússia e a Ucrânia, que já dura três anos. A guerra tem sido marcada por ataques frequentes a infraestruturas críticas e áreas urbanas na Ucrânia. Zelensky observou que a Rússia realiza ataques desse tipo contra a infraestrutura e as cidades ucranianas "todas as noites", sugerindo que Moscou não está interessada em negociações de paz, mas sim em continuar suas agressões.

A usina de Chernobyl, cenário do pior desastre nuclear da história em 1986, já esteve sob controle russo no início do conflito atual. A ocupação russa da usina em 2022 levantou preocupações internacionais sobre a segurança das instalações nucleares na Ucrânia. Desde então, a área tem sido palco de tensões contínuas, com incidentes que ameaçam a segurança nuclear e ambiental da região.

Reações Internacionais

A comunidade internacional tem acompanhado de perto os desdobramentos deste incidente. O OIEA continua monitorando a situação e fornecendo atualizações sobre os níveis de radiação e a integridade das instalações nucleares na Ucrânia. Autoridades ucranianas planejam apresentar informações detalhadas sobre o ataque durante a Conferência de Segurança de Munique, buscando destacar as ameaças globais à segurança nuclear decorrentes das ações russas.

 

Trump pressiona por acordo e anuncia reunião rejeitada pela Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump chegou a anunciar nesta quinta-feira (13), uma reunião em Munique, Alemanha, programada esta sexta-feira, 14 de fevereiro, envolvendo representantes de alto escalão dos EUA, Rússia e Ucrânia, com o objetivo de discutir um acordo de paz para o conflito ucraniano. No entanto, o governo ucraniano negou sua participação, enfatizando a necessidade de uma posição comum com os aliados ocidentais antes de qualquer negociação com Moscou.

Anúncio de Trump e reação ucraniana 

Em declaração no Salão Oval, Trump afirmou: “Há uma reunião em Munique amanhã. A Rússia estará lá com nossa equipe. A Ucrânia também está convidada. Não tenho certeza exatamente de quem representará cada país, mas será gente do alto escalão de Rússia, Ucrânia e Estados Unidos”.

Contudo, Dmytro Lytvyn, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, esclareceu que nenhuma conversa com a Rússia está prevista para esta sexta-feira. Ele destacou que Estados Unidos, Ucrânia e Europa precisam estabelecer uma posição comum antes de iniciar negociações de paz com a Rússia.

Contexto das negociações

Na quarta-feira, 12 de fevereiro, Trump conversou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, discutindo diversos temas, incluindo a guerra na Ucrânia. Após a ligação, Trump expressou confiança nas intenções de Putin em buscar a paz e garantiu que a Ucrânia participaria das negociações. “Teremos a Ucrânia, teremos a Rússia e teremos outras pessoas envolvidas, muitas pessoas”, afirmou Trump. Questionado sobre sua confiança em Putin, Trump respondeu: “Acredito que ele gostaria de ver algo acontecer. Confio nele nesse assunto”.

O presidente Zelensky, por sua vez, enfatizou que não aceitaria um acordo de paz sem a participação direta da Ucrânia. “Hoje é importante que tudo não ocorra de acordo com o plano do Putin, no qual ele quer fazer de tudo para que suas negociações sejam bilaterais [com os EUA]”, afirmou Zelensky.

Preocupações internacionais

Especialistas militares europeus expressaram preocupação com possíveis concessões à Rússia, como a entrega de territórios ucranianos a Putin. Eles alertam que um acordo de paz sem a participação da Europa poderia comprometer a segurança do continente.

Além disso, Trump defendeu o retorno da Rússia ao G7, grupo que reúne as principais economias do mundo, criticando a decisão de 2014 que expulsou a Rússia após a anexação da Crimeia. Ele também manifestou interesse em discutir com a China e a Rússia uma redução nos gastos militares e planos para desnuclearização.  

 


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