A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado investiga fraudes em apostas esportivas envolvendo os jogadores Lucas Paquetá e Luiz Henrique, suspeitos de manipulação de cartões amarelos em partidas.
As investigações revelam transações financeiras suspeitas e vínculos com intermediários de apostas ilegais. Bruno Tolentino, tio de Paquetá, é um dos principais investigados, tendo movimentado R$ 839 mil em apostas questionáveis.
A CPI propõe endurecer a legislação contra manipulação de jogos e traz à tona a vulnerabilidade do futebol diante de apostas ilegais, com possíveis consequências para as carreiras dos jogadores. O caso pode influenciar a regulamentação de apostas esportivas no Brasil e em outros países.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado Federal está aprofundando investigações sobre possíveis fraudes em apostas envolvendo os jogadores Lucas Paquetá, do West Ham, e Luiz Henrique, do Zenit. Ambos são suspeitos de participar de um esquema que envolvia a manipulação de cartões amarelos em partidas nacionais e internacionais, beneficiando grupos de apostadores que operavam em plataformas ilegais.
Os indícios surgiram a partir da análise de transações financeiras suspeitas, além de testemunhos e relatórios bancários que apontam ligações entre os jogadores e intermediários envolvidos nas movimentações fraudulentas.
O caso ganhou ainda mais força após a identificação de padrões de apostas anormais e transferências financeiras entre pessoas próximas aos atletas.
A investigação da CPI inclui quatro jogos específicos da Premier League nos quais Lucas Paquetá recebeu cartões amarelos de maneira considerada suspeita: Leicester City, Leeds United, Aston Villa e Bournemouth.
Em todas essas partidas, verificou-se um volume significativo de apostas voltadas para advertências disciplinares ao jogador, com lucros destinados a pessoas ligadas a ele.
Um dos nomes centrais da investigação é Bruno Tolentino, tio de Paquetá, que teria movimentado aproximadamente R$ 839 mil em apostas suspeitas. Além disso, Tolentino também teria feito 258 transações bancárias consideradas incompatíveis com sua renda declarada. Esses fatores levantaram suspeitas sobre o envolvimento do atleta e de sua família no esquema.
A defesa de Paquetá nega qualquer irregularidade e alega que não há comprovação de que o jogador tenha manipulado intencionalmente os cartões. No entanto, a Federação Inglesa de Futebol (FA) conduz uma investigação própria, que pode culminar em uma possível suspensão do jogador, afetando diretamente sua carreira.
Outro jogador sob escrutínio da CPI é Luiz Henrique, atacante do Zenit, que teria recebido R$ 30 mil em sua conta logo após um jogo no qual levou um cartão amarelo. A origem do pagamento, feita por Bruno Tolentino, reforça a suspeita de que ele possa ter participado do mesmo esquema.
O histórico de Luiz Henrique também levanta dúvidas: durante sua passagem pelo Real Betis, na Espanha, ele foi advertido em momentos que coincidiram com movimentações bancárias suspeitas ligadas a intermediários de apostas esportivas. A CPI agora busca esclarecer se esses valores representam pagamentos ilícitos ou se há outra justificativa para as transações.
Além dos jogadores, um dos principais investigados é William Rogatto, conhecido no mundo das apostas como o "Rei do Rebaixamento". Ele já confessou manipular resultados e é acusado de fraudar rebaixamentos de 42 clubes brasileiros, acumulando aproximadamente R$ 300 milhões em ganhos ilícitos.
Preso pela Interpol em Dubai, Rogatto aguarda extradição para o Brasil. A CPI espera que seu depoimento revele mais detalhes sobre a estrutura do esquema e identifique outros envolvidos. O presidente da comissão, senador Jorge Kajuru, afirmou que Rogatto já se comprometeu a fornecer documentos e registros que podem trazer novas revelações.
Diante das evidências e da gravidade dos casos investigados, a CPI propôs uma série de mudanças para endurecer a legislação contra manipulação de jogos. Entre as principais medidas sugeridas estão:
Além disso, a CPI estuda a criação de uma agência independente para fiscalizar o setor de apostas esportivas no Brasil.
O caso de manipulação de apostas envolvendo Paquetá e Luiz Henrique pode ter sérias consequências para suas carreiras. Se confirmadas as acusações, ambos podem ser suspensos de competições nacionais e internacionais. No caso de Paquetá, a decisão da FA pode resultar em um afastamento definitivo da Premier League.
Esse episódio reforça um alerta global sobre a vulnerabilidade do futebol diante das apostas ilegais. Escândalos semelhantes já ocorreram em países como Itália (caso Calciopoli, que levou à punição da Juventus) e Espanha (investigações da La Liga revelaram manipulações em divisões inferiores).
Especialistas sugerem diversas medidas para evitar que novos casos de manipulação de apostas aconteçam:
A CPI continuará suas investigações nos próximos meses e pode sugerir mudanças legislativas para evitar novos escândalos no esporte. O desdobramento desse caso pode influenciar diretamente a regulamentação das apostas esportivas no Brasil e no mundo.