Terremoto na Rússia provoca alerta de tsunami em 20 países

Abalo sísmico de magnitude 7,8 na Península de Kamtchatka deixa países em alerta

Por Geisa Ferreira da Silva
18/09/2025 16h49 - Atualizado há 2 horas
Terremoto na Rússia provoca alerta de tsunami em 20 países
Pelo menos 20 países estão em alerta para a possibilidade de tsunami. Foto: Reprodução USGS

A Península de Kamtchatka, localizada no extremo oriente russo, voltou a ser epicentro de intensa atividade sísmica nesta quinta-feira (18), quando um terremoto Rússia de magnitude 7,8 sacudiu a região, desencadeando uma complexa operação de monitoramento tecnológico que se estendeu por todo o Oceano Pacífico.

O evento sísmico, registrado pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), ocorreu a apenas 10 quilômetros de profundidade, característica que amplifica significativamente o potencial de formação de tsunamis. Pelo menos 20 países estão em alerta para possibildiade de formação de tsunamis.

O epicentro foi localizado a 128 quilômetros de Petropavlovsk-Kamchatsky, cidade portuária de 165 mil habitantes que funciona como um verdadeiro laboratório natural para estudos sismológicos avançados. A baixa profundidade do tremor, combinada com sua alta magnitude, criou as condições perfeitas para que sistemas automatizados de detecção sísmica em todo o mundo entrassem em ação simultaneamente, demonstrando como a tecnologia de monitoramento sísmico evoluiu nas últimas décadas.

"Este terremoto de magnitude 7,8 de 18 de setembro de 2025, ocorrido a leste de Petropavlovsk-Kamchatsky, na Rússia, é um tremor secundário do terremoto de magnitude 8,8 na Península de Kamchatka, ocorrido em 29 de julho de 2025. O tremor secundário resultou de falhamento reverso superficial. Até o momento de sua ocorrência, o evento de 18 de setembro de 2025 é o maior tremor secundário registrado após o tremor principal de magnitude 8,8, superando um tremor secundário de magnitude 7,4 próximo, ocorrido em 13 de setembro" , diz o comunicado do  USGS.

O Anel de Fogo do Pacífico em Ação

A região onde ocorreu este terremoto Rússia faz parte do famoso Anel de Fogo do Pacífico, uma zona de 40 mil quilômetros que concentra aproximadamente 90% de toda a atividade sísmica mundial. Esta área vulcanicamente ativa resulta do encontro entre múltiplas placas tectônicas, onde a Placa do Pacífico subduz continuamente sob a Placa Norte-Americana a uma velocidade estimada entre 76 e 90 milímetros por ano.

A Fossa das Curilas-Kamtchatka, onde se originou o tremor, representa uma das zonas de subducção mais ativas do planeta. Dados científicos indicam que este processo de convergência tectônica ocorre ininterruptamente desde o período Cretáceo, criando uma das paisagens geologicamente mais dinâmicas da Terra. A península abriga atualmente 29 vulcões ativos e 160 vulcões dormentes, configurando-se como um verdadeiro museu vivo da atividade vulcânica planetária.

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Detecção e Alerta

O terremoto Rússia ativou uma rede internacional de sistemas de alerta de tsunami que representa um dos maiores avanços tecnológicos em prevenção de desastres naturais. Estes sistemas integram sismógrafos de alta precisão, boias oceânicas inteligentes e comunicação via satélite para criar uma malha de monitoramento que opera 24 horas por dia.

Os sensores sísmicos modernos conseguem detectar as primeiras ondas de um terremoto em questão de segundos, enviando dados automaticamente para centros de processamento onde algoritmos avançados calculam a probabilidade de formação de tsunamis. No caso específico deste evento em Kamtchatka, os sistemas identificaram o potencial tsunamigênico devido à combinação de três fatores críticos: magnitude elevada, profundidade rasa e localização submarina.

Resposta internacional

A rapidez da resposta internacional ao terremoto Rússia demonstrou a eficácia dos Centros de Alerta de Tsunami do Pacífico (PTWC). Em poucos minutos após a detecção inicial, alertas foram emitidos para países em toda a bacia do Pacífico, incluindo Japão, Estados Unidos, Canadá e México. O Havaí recebeu alertas específicos para ondas de até um metro de altura, enquanto a costa russa foi alertada para possíveis ondas de três metros.

Esta coordenação global é resultado de décadas de desenvolvimento científico iniciado após o devastador tsunami do Oceano Índico em 2004. O sistema atual integra boias DART (Deep-ocean Assessment and Reporting of Tsunamis) que flutuam sobre sensores de pressão no fundo oceânico, capazes de detectar mudanças milimétricas no nível do mar.

Avanço computacional

Os modelos computacionais utilizados para prever a propagação de tsunamis após o terremoto Rússia representam um salto tecnológico extraordinário. Supercomputadores processam milhões de variáveis simultaneamente, incluindo batimetria oceânica, características do fundo marinho, velocidade das ondas e padrões de dispersão energética.

Estes sistemas conseguem gerar mapas de risco em tempo real, prevendo com precisão crescente onde e quando as ondas de tsunami poderão atingir diferentes regiões costeiras. A modelagem de propagação de ondas utiliza equações matemáticas complexas que consideram a curvatura da Terra, a rotação planetária e as características específicas de cada bacia oceânica.

Histórico de terremotos

A região de Kamtchatka possui um histórico sísmico fascinante que fornece dados valiosos para a comunidade científica mundial. O terremoto mais significativo registrado na área ocorreu em 1737, com magnitude estimada de 9,3, que gerou um tsunami com ondas de 63 metros de altura. Mais recentemente, o terremoto de Severo-Kurilsk em 1952, com magnitude entre 8,8 e 9,0, criou uma zona de ruptura de 700 quilômetros de comprimento.

O terremoto Rússia de julho de 2025, com magnitude 8,8, estabeleceu novos parâmetros para estudos sismológicos na região. Este evento anterior causou danos significativos na infraestrutura costeira e forçou a evacuação de centenas de pessoas, mas não resultou em vítimas fatais devido aos eficientes protocolos de evacuação implementados pelas autoridades locais.

Impactos na infraestrutura tecnológica

A região de Kamtchatka abriga instalações militares estratégicas, incluindo uma base de submarinos nucleares da Frota do Pacífico Russo. Relatórios científicos indicam que terremotos de grande magnitude podem afetar essas instalações, criando preocupações adicionais sobre segurança nuclear e estabilidade regional.

A infraestrutura sísmica local foi projetada especificamente para resistir a terremotos frequentes. Edifícios públicos, pontes e sistemas de comunicação seguem rigorosos códigos de construção antissísmica desenvolvidos através de décadas de experiência com atividade tectônica intensa.


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