Conheça a ave que ultrapassa o Everest e voa a 11 mil metros

Grifo-de-rüppell é o pássaro com o voo mais alto do mundo, mas espécie está na lista das criticamente ameaçadas de extinção

Por Geisa Ferreira da Silva
24/04/2025 21h14 - Atualizado há 8 horas
Conheça a ave que ultrapassa o Everest e voa a 11 mil metros
Grifo-de-rüppell pode alcançar altitudes superiores a 11 mil metros.

Poucas imagens são tão marcantes quanto a de um pássaro cruzando os céus com imponência e leveza. Mas e se esse voo chegasse a altitudes mais elevadas do que o próprio Monte Everest? Essa é a façanha extraordinária do grifo-de-rüppell (Gyps rueppelli), uma espécie de ave de rapina africana conhecida por bater recordes nos céus.

 

Com capacidade para atingir 11,3 mil metros de altitude, essa ave detém o título de maior voo já registrado entre as espécies do planeta. Para se ter uma ideia, esse número ultrapassa em cerca de 2 mil metros o cume do Everest, a montanha mais alta do mundo, e se iguala à altitude de cruzeiro de muitos aviões comerciais.

 

 

O feito não é apenas impressionante, mas também vital para a sobrevivência da espécie.

 

 

Essa altitude elevada permite que o grifo explore grandes áreas em busca de alimento, principalmente carcaças de animais mortos, já que é uma ave necrófaga.

 

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Uma estrutura biológica preparada para as alturas

 

Esse tipo de voo só é possível graças a uma adaptação rara em sua hemoglobina, proteína do sangue responsável pelo transporte de oxigênio. Estudos publicados na revista Biological Chemistry revelaram que o grifo-de-rüppell possui uma forma de hemoglobina extremamente eficiente, capaz de captar oxigênio mesmo em ambientes com baixa concentração, como ocorre em altitudes elevadas.

 

Essa “super hemoglobina” atua como um sistema de oxigenação interna potenciado, mantendo o pássaro ativo por até 7 horas ininterruptas no ar, planando sobre savanas e áreas abertas em busca de alimento.

 

 

Acidente aéreo revelou a altura do voo

 

Curiosamente, a descoberta da impressionante capacidade de voo dessa espécie aconteceu em 1973, após um evento trágico. Um avião comercial que sobrevoava a Costa do Marfim a 11,3 mil metros de altura colidiu com uma ave durante o trajeto.

 

Após o pouso de emergência, foram identificadas penas do grifo-de-rüppell na fuselagem do motor, o que levou os cientistas a investigarem a altitude da colisão e, consequentemente, reconhecerem o feito da ave.

 

 

Características físicas e comportamento

 

Com cerca de um metro de comprimento e envergadura que pode chegar a quase três metros, o grifo-de-rüppell pesa entre 7 e 9 kg e tem uma expectativa de vida que varia entre 40 e 50 anos.

 

Visualmente, a ave é imponente. O corpo é coberto por penas em tons de marrom, preto e cinza, além de uma coloração branca ao redor do pescoço. Os olhos amarelados e a cabeça quase sem penas completam a aparência típica de uma espécie adaptada à alimentação de restos animais.

 

 

Apesar de normalmente silencioso, pode tornar-se ruidoso quando se aproxima de carcaças ou durante disputas por território e alimento com outras aves.

 

 

Habitat e conservação

 

Natural do continente africano, o grifo-de-rüppell pode ser encontrado em países como Senegal, Gâmbia, Mali, Sudão, Etiópia e Sudão do Sul. Também é avistado com frequência em regiões de savana como Tanzânia, Quênia e Moçambique.

 

Infelizmente, a espécie está na lista das criticamente ameaçadas de extinção, devido à redução de seu habitat natural, envenenamentos e mudanças no ecossistema.

 

Organizações ambientais têm alertado para a urgência de medidas de proteção a essa ave, fundamental para o equilíbrio ambiental ao atuar na limpeza natural do ambiente, ao se alimentar de carniça e evitar a disseminação de doenças.

 

O grifo-de-rüppell é muito mais que uma ave de rapina. Ele é um símbolo de resistência, adaptação e importância ecológica. Seu voo nas alturas é também um alerta sobre os desafios enfrentados pelas espécies que compartilham o planeta com os seres humanos.

 


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