Estimulação cerebral profunda reverte doença de Parkinson em camundongos

Estudo acende esperança em milhares de pessoas que convivem com a doença

Por Willian Oliveira
19/02/2025 20h16 - Atualizado há 1 mês
Estimulação cerebral profunda reverte doença de Parkinson em camundongos
Pesquisadores testam nova terapia baseada em nanopartículas para reverter sintomas da doença de Parkinson. Foto: Freepik
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Pesquisadores chineses desenvolveram um sistema de estimulação cerebral profunda fototérmico baseado em nanopartículas que reverte sintomas da doença de Parkinson em camundongos, estimulando a produção de dopamina e restaurando neurônios degenerados.

O sistema ATB combina nanopartículas de ouro que ativam neurônios com anticorpos TRPV1 e peptídeos que quebram fibrilas tóxicas. Testes mostraram que camundongos tratados obtiveram desempenho motor comparável a camundongos saudáveis.

A segurança do tratamento foi confirmada, e novas pesquisas buscam utilizações adicionais dessa tecnologia para a doença. A abordagem pode revolucionar o tratamento, oferecendo uma alternativa eficaz e minimamente invasiva.

Pesquisadores chineses desenvolveram um sistema de estimulação cerebral profunda (DBS) fototérmico baseado em nanopartículas que demonstrou reverter os sintomas da doença de Parkinson em camundongos de laboratório. O tratamento, além de restaurar neurônios degenerados, também estimulou a produção de dopamina e eliminou acúmulos de fibrilas tóxicas, fatores centrais na progressão da doença.

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico degenerativo caracterizado pela perda de neurônios dopaminérgicos e pela redução da dopamina no cérebro, impactando diretamente os movimentos corporais. As terapias convencionais de DBS requerem implantação cirúrgica de eletrodos, enquanto abordagens optogenéticas envolvem modificação genética para estimular a produção de dopamina. Embora essas técnicas reduzam os sintomas, não são capazes de restaurar completamente os neurônios danificados.

Uma nova abordagem para estimular neurônios dopaminérgicos

Pesquisadores do Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia da Academia Chinesa de Ciências, liderados por Chunying Chen, propuseram uma solução inovadora. Eles identificaram que o receptor TRPV1, sensível ao calor e altamente expresso em neurônios dopaminérgicos, poderia ser um alvo ideal para reativação neuronal.

A equipe desenvolveu um sistema de DBS composto por nanopartículas multifuncionais, denominado ATB (Au@TRPV1@β-syn). Essa tecnologia combina:

  • Nanopartículas de ouro fototérmicas, que convertem luz infravermelha próxima (NIR) em calor para ativar neurônios;

  • Anticorpos TRPV1, responsáveis por estimular os neurônios dopaminérgicos;

  • Peptídeos de β-sinucleína, que quebram as fibrilas tóxicas de α-sinucleína, acumuladas em pacientes com Parkinson.

Testes demonstram reversão dos sintomas motores

Os pesquisadores realizaram testes in vitro e in vivo para avaliar a eficácia do ATB. No ambiente laboratorial, a estimulação fototérmica ativou os neurônios dopaminérgicos e reduziu a morte celular induzida por fibrilas α-syn, restaurando completamente a viabilidade dos neurônios afetados.

Nos experimentos com camundongos com Parkinson induzido, as nanopartículas foram injetadas diretamente na substância negra do mesencéfalo, região rica em neurônios dopaminérgicos. Posteriormente, os animais foram submetidos a irradiação NIR semanalmente por cinco semanas. Os camundongos tratados demonstraram uma melhora significativa em testes motores, incluindo:

  • Teste rotarod: avalia a capacidade dos camundongos de se manterem em uma haste giratória, verificando o equilíbrio e coordenação motora;

  • Teste de poste: mede o tempo que o camundongo leva para descer um poste, analisando agilidade e força muscular;

  • Teste de campo aberto: observa a atividade locomotora e exploração dos camundongos em um ambiente controlado.

Em todos os testes, os camundongos tratados tiveram desempenho comparável ao dos camundongos saudáveis, confirmando a eficácia da terapia na reversão dos sintomas motores da doença.

Segurança e perspectivas futuras

A análise histológica revelou que os neurônios dopaminérgicos foram preservados e restaurados após o tratamento com nanopartículas ATB. O estudo também indicou que o calor gerado não causou danos térmicos aos tecidos cerebrais e que as nanopartículas permaneceram estáveis na região-alvo, sem migrar para outros órgãos vitais.

Atualmente, a equipe de Chunying Chen investiga novas aplicações terapêuticas baseadas em aglomerados de ouro para tratar a doença de Parkinson. O foco é desenvolver nanocompósitos que possam reduzir a agregação de α-syn, mitigar o estresse oxidativo e promover a regeneração de neurônios.

Com mais pesquisas e avanços na aplicação em humanos, essa tecnologia pode representar uma revolução no tratamento da doença de Parkinson, oferecendo uma solução eficaz, minimamente invasiva e com potencial de reversão da neurodegeneração.


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