Estudo desenvolve mamografia sem compressão e promete exame mais confortável

Pesquisadores da USP e IFSP criam tecnologia que dispensa compressão das mamas e oferece imagens mais detalhadas

Cassiane Chagas
05/07/2025 16h33 - Atualizado há 1 semana
Estudo desenvolve mamografia sem compressão e promete exame mais confortável
Pesquisadores da USP e IFSP criam aparelho que faz mamografia sem compressão, prometendo mais conforto e melhor detecção em mamas densas / Foto ilustrativa: Divulgação Sociedade Brasileira de Mastologia.

 

 

 

A mamografia é um dos exames mais importantes para o diagnóstico precoce do câncer de mama, utilizando raios-X para investigar o tecido mamário em busca de nódulos ou lesões, mas embora seja um recurso fundamental, muitas pessoas relatam dor e desconforto devido à compressão exigida pelo equipamento tradicional, o mamógrafo, que utiliza radiação ionizante para gerar imagens em alta resolução.

 

Diante desse cenário, uma equipe formada por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) está desenvolvendo uma solução inovadora.

 

 

Um aparelho capaz de realizar imagens das mamas sem necessidade de compressão, oferecendo uma experiência muito mais confortável para quem precisa passar pelo exame.

 

Leia Também

 

 

Tecnologia inspirada em radares promete exame menos doloroso

 

De acordo com Bruno Sanches, professor do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Poli-USP e pesquisador do Laboratório de Sistemas Integráveis, o novo equipamento não tem a intenção de substituir completamente a mamografia tradicional, mas sim de complementar outros exames já existentes, agregando recursos mais modernos.

 

 

Ele funciona de forma similar a um sistema de radar, como a gente tem nos aviões ou os nossos carros modernos usam. Como um sistema similar para fazer o imageamento das mamas e detectar possíveis lesões ou tecidos diferentes, por exemplo, o câncer de mama”, explica o pesquisador. 

 

 

 

Sem compressão e sem controles complexos

 

Entre os principais diferenciais do aparelho, está o fato de dispensar a compressão das mamas, responsável por grande parte do desconforto sentido pelas pacientes durante a mamografia convencional.

 

Além disso, o novo dispositivo não necessita de um operador especializado nem de comandos complexos para ser utilizado, o que facilita sua adoção tanto em clínicas quanto em ambientes com menos estrutura.

 

Outro ponto de destaque é a superioridade na leitura dos tecidos em comparação com a mamografia tradicional. Segundo Sanches, o equipamento pode gerar imagens mais detalhadas mesmo em mamas densas, um fator que muitas vezes compromete a qualidade das imagens obtidas pelos métodos convencionais e causa áreas “manchadas” ou de difícil visualização.

 

 

É como se fosse uma mamografia colorida, que consegue mostrar detalhes de tecidos como gordura, dutos, tecido glandular e até células cancerígenas”, afirma o pesquisador.

 

 

Dispositivo portátil com funcionamento simples

 

O novo equipamento também se destaca pela praticidade. O pesquisador compara seu formato a um bojo de sutiã, projetado para ser colocado sobre a mama da paciente.

 

 

O exame ocorre de forma simples, apenas pressionando um botão para realizar capturas de imagens em diversos ângulos, o que aumenta a precisão do diagnóstico.

 

Outra vantagem importante do projeto é que o aparelho é portátil e de baixo custo. Ele não precisa estar conectado o tempo todo à rede elétrica, podendo ser alimentado por notebooks ou power banks, o que facilita seu uso em locais com infraestrutura limitada ou em ações de saúde itinerantes.

 

 

Nova versão estacionária em desenvolvimento

 

Paralelamente, os pesquisadores também estão trabalhando em uma versão estacionária do equipamento, mais parecida com um mamógrafo tradicional. Onde ele, sozinho, faria todas as aquisições, algo como o que acontece em uma tomografia computadorizada”, segundo descreve Sanches. 

 

Atualmente, o projeto se encontra em fase avançada de desenvolvimento, mas ainda precisa avançar para a etapa de testes em pessoas. Para isso, os pesquisadores buscam parcerias comerciais que possibilitem a fabricação em escala do novo aparelho e a realização dos ensaios clínicos necessários para comprovar a eficácia e segurança da tecnologia.

 

 

Com informações: Agência SP.


Tags »
Notícias Relacionadas »