Uma batida na cabeça é algo comum na rotina de muitas pessoas, seja após uma queda, um tropeço ou até mesmo acidentes domésticos ou no trânsito. E, na maioria das vezes, o susto é maior que as consequências. Porém, é importante saber que nem todo traumatismo craniano é inofensivo, e certos sinais podem indicar a necessidade de procurar ajuda médica imediata.
Segundo o neurocirurgião Bruno Freitas, formado pela USP e responsável pela residência de emergência do Hospital das Clínicas, cerca de 350 a 400 pessoas a cada 100 mil habitantes sofrem algum tipo de traumatismo cranioencefálico (TCE) todos os anos, e 10% dessas vítimas acabam morrendo em decorrência das lesões.
“Há uma alta taxa de hospitalizações, com sequelas que podem ser transitórias ou até permanentes”, explica o especialista.
É fundamental estar atento aos sinais que surgem após um impacto na cabeça. “A pessoa pode apresentar perda da consciência, amnésia, confusão mental, irritabilidade, sonolência e pouca responsividade, além de dor de cabeça e vômitos que não melhoram ou alguma fraqueza de algum lado do corpo”.
Dependendo de como aconteceu o trauma e de como o paciente está se sentindo, o atendimento médico pode ser indispensável, alerta Freitas.
Algumas faixas etárias são mais vulneráveis às consequências de uma batida na cabeça. De acordo com o neurocirurgião, crianças menores de um ano e, principalmente, idosos acima de 65 anos correm mais risco não só de sofrer o trauma, mas de apresentá-lo de forma mais grave. Às vezes, traumas aparentemente leves, como quedas da própria altura em idosos ou quedas de berço, cama ou colo no caso de crianças, podem resultar em complicações sérias.
Ainda segundo o especialista, as batidas de cabeça ou o traumatismo cranioencefálico são muito comuns, mas dependendo de como aconteceram, é preciso manter o alerta.
Embora muitas pancadas na cabeça não sejam motivo de pânico, há situações que exigem avaliação médica rápida.
“Quando isso acontece em idosos ou pessoas que têm algum problema da coagulação ou quando a pessoa cai sem proteção, como é o caso do abuso de álcool, se eles caírem e começarem a apresentar algum daqueles sintomas, a pessoa pode ter uma forma grave de traumatismo craniano”, explica o neurologista.
Freitas também faz questão de destacar que nem toda fratura no crânio significa gravidade extrema. “Existem traumas de maior energia, de maior impacto, mas isso não quer dizer que a pessoa vai evoluir para uma forma mais grave do traumatismo cranioencefálico”.
“A própria presença da fratura, a menos que ela esteja afundada e comprimindo o cérebro, é uma fratura simples, linear, ela nem precisa ser corrigida. O que preocupa mesmo é o que, eventualmente, pode estar abaixo da fratura, como hematomas, inchaços, lesões no cérebro. Isso é o que realmente a gente fica com medo. Eventualmente tem que operar, além de precisar de observação desse paciente no hospital, no serviço de emergência”, ressalta o neurologista.
As quedas e os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de traumatismo craniano, especialmente em pessoas mais jovens. Já nos idosos, as quedas voltam a figurar como causa predominante, muitas vezes associadas a fatores como instabilidade postural, piso escorregadio, ou baixa iluminação em casa.
Mesmo quando há fratura no crânio, o professor explica que, se não houver comprometimento interno, nem sempre é preciso cirurgia. A maior preocupação dos médicos é justamente o risco de lesões que possam se desenvolver de forma silenciosa, como sangramentos ou inchaços que pressionem o cérebro.
Para evitar acidentes, o neurocirurgião reforça a importância de medidas simples no dia a dia, como:
✔ Respeitar as leis de trânsito, usar cinto de segurança e jamais dirigir alcoolizado;
✔ Em casa, evitar tapetes soltos, corrigir pisos escorregadios, garantir boa iluminação, especialmente em áreas como corredores e escadas;
✔ Manter atenção redobrada com crianças, principalmente em ambientes elevados ou sem proteção adequada.
“Mesmo com todo cuidado, acidentes podem acontecer. Por isso, é fundamental conhecer os sintomas e saber que, se houver sinais de alerta, o ideal é procurar rapidamente um serviço de emergência, preferencialmente em um hospital com tomografia, para avaliação completa”, recomenda Bruno Freitas.
Se manter informado e atento pode fazer toda a diferença para evitar complicações maiores e garantir a segurança, tanto no cotidiano quanto em situações inesperadas.
Com informações: Agência SP.