Gripe bate recorde nos EUA e acende alerta no Brasil

Com aumento de hospitalizações, gripe supera COVID-19 pela primeira vez desde a pandemia.

Por Geisa Ferreira da Silva
03/03/2025 09h30 - Atualizado há 1 mês
Gripe bate recorde nos EUA e acende alerta no Brasil
Pedro França/Agência Senado Fonte: Agência Senado

Nos primeiros meses de 2025, os Estados Unidos enfrentaram uma das piores temporadas de gripe das últimas décadas, com números alarmantes de infecções e hospitalizações. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), os casos de gripe superaram pela primeira vez as internações por COVID-19 desde o início da pandemia, destacando a gravidade da situação.

A dinâmica sazonal da gripe normalmente faz com que o que ocorre no hemisfério norte tenha reflexos diretos no hemisfério sul, onde a doença costuma atingir seu pico durante o inverno. Com isso, especialistas já alertam para os riscos no Brasil, que pode enfrentar uma temporada severa de gripe em 2025.

Casos de gripe nos EUA 

Segundo dados atualizados do CDC, os números da gripe nos EUA em 2025 são alarmantes:

  • 24 milhões de infecções registradas;

  • 310 mil hospitalizações;

  • Mais de 13 mil mortes;

  • Cepa predominante: Influenza A (H3N2 e H1N1).

A gripe H3N2 historicamente está associada a temporadas mais severas, com maior número de hospitalizações e taxa de mortalidade elevada entre idosos e pessoas com comorbidades. Já a H1N1, embora tenda a ser menos agressiva, também pode levar a complicações sérias.

Além disso, especialistas apontam que a atual temporada de gripe nos EUA atingiu o pico mais tarde do que o esperado, chegando ao auge entre janeiro e fevereiro de 2025, enquanto nos últimos anos esse pico ocorreu em dezembro.

Leia Também

Por que os casos de gripe estão tão altos este ano?

Diversos fatores contribuíram para esse aumento exponencial da gripe nos Estados Unidos:

  1. Queda na vacinação: desde a pandemia da COVID-19, as taxas de imunização contra a gripe vêm caindo. Em 2023-2024, 9,2 milhões de doses a menos foram administradas em relação aos períodos pré-pandemia. Atualmente, as taxas de vacinação em adultos variam entre 30% e 60%, bem abaixo dos 70% recomendados pelos especialistas.

  2. Eficácia da vacina: A proteção conferida pela vacina varia a cada ano. Em 2025, a eficácia contra hospitalizações foi estimada entre 41% e 55% em adultos e 63% a 78% em crianças.

  3. Vírus mais agressivos: mudanças genéticas em algumas cepas podem torná-las mais transmissíveis e letais. A H3N2, dominante este ano, está historicamente associada a surtos mais severos.

  4. Aumento na circulação de pessoas: com a retomada completa de viagens, eventos e atividades presenciais, há mais contato humano, facilitando a transmissão do vírus.

     

    Diferença entre gripe e resfriado

    Muitas pessoas confundem gripe e resfriado, mas são doenças distintas. A gripe é causada pelo vírus Influenza e tende a ser mais grave, com sintomas como febre alta, dores no corpo, fadiga extrema e complicações respiratórias. Já o resfriado é causado por outros tipos de vírus, como o rinovírus, e apresenta sintomas mais leves, como coriza, espirros e leve desconforto na garganta. A gripe pode levar a complicações graves, como pneumonia, enquanto o resfriado raramente causa problemas sérios.

Efeito da gripe no Brasil: O que esperar para 2025?

O Brasil, assim como outros países do hemisfério sul, sente tradicionalmente o impacto das cepas gripais que circularam meses antes nos EUA e na Europa. Essa tendência já foi observada em temporadas anteriores, e a preocupação é que o cenário severo nos EUA possa se repetir no Brasil no inverno de 2025.

Em 2024, o Brasil enfrentou uma das piores temporadas de gripe dos últimos anos, com lotação de hospitais, aumento de internações em UTIs e escassez de antivirais. O impacto foi sentido principalmente entre idosos, crianças e imunossuprimidos.

Com base nos padrões epidemiológicos, o inverno de 2025 pode ser ainda mais preocupante devido a:

  • Baixa adesão à vacinação;

  • Cepa H3N2 em circulação, associada a quadros graves;

  • Risco de coinfecção com COVID-19 e outros vírus respiratórios.

Gripe aviária: Outro risco emergente

Além da gripe sazonal, a gripe aviária H5N1 também tem causado preocupação global. Nos EUA, surtos dessa variante afetaram milhões de aves desde 2022, impactando o setor avícola e elevando os preços de alimentos como ovos e frango.

No Brasil, o primeiro caso da gripe aviária em aves silvestres foi confirmado em 2023. Embora não haja registros de infecções em humanos até o momento, especialistas alertam para a necessidade de vigilância epidemiológica.

Se a H5N1 sofrer mutações que permitam a transmissão entre humanos, o risco de uma nova pandemia não pode ser descartado.

Como o Brasil pode se preparar?

Diante desse cenário de alerta, autoridades de saúde brasileiras devem tomar medidas para mitigar os impactos da gripe em 2025:

  • Reforçar campanhas de vacinação, especialmente entre grupos de risco;

  • Garantir o abastecimento de antivirais e leitos hospitalares para possíveis surtos;

  • Fortalecer a vigilância epidemiológica, monitorando cepas circulantes;

  • Divulgar orientações sobre prevenção, incluindo o uso de máscaras e medidas de higiene.

Como se proteger da gripe?

Para reduzir o risco de infecção e complicações, especialistas recomendam:

  • Vacinação anual: mesmo que a eficácia varie, a vacina reduz hospitalizações e complicações graves;
  • Higienização frequente das mãos: o vírus da gripe pode permanecer em superfícies por horas; 
  • Evitar contato com pessoas doentes;
  • Uso de máscaras em locais fechados e aglomerações; ]Procurar atendimento médico caso apresente sintomas graves.

 

A grave temporada de gripe nos EUA é um alerta importante para o Brasil, que poderá enfrentar um inverno de 2025 desafiador. Com campanhas de vacinação enfraquecidas e circulação de variantes agressivas, é essencial que autoridades e população estejam preparados para minimizar os impactos da gripe.

O investimento em vacinação, prevenção e vigilância epidemiológica será crucial para evitar um novo colapso do sistema de saúde e reduzir a mortalidade causada por essa doença altamente contagiosa e potencialmente fatal.


Tags »
Notícias Relacionadas »