Terremoto de magnitude 8,8 na Rússia tem risco de tsunami até nos EUA

Sismo intenso no litoral do Kamchatka aciona alerta de tsunami no Pacífico, incluindo também Japão e Havaí.

Por Willian Oliveira
29/07/2025 21h04 - Atualizado há 1 dia
Terremoto de magnitude 8,8 na Rússia tem risco de tsunami até nos EUA
Ilustração da Península de Kamchatka mostra a região montanhosa e vulcânica onde ocorreu o terremoto de magnitude 8,0.

* Inicialmente as autoridades haviam divulgado que o terremoto era de magnitude 8. Horas depois a reclassificação elevou para 8,7 e depois, 8,8. A matéria foi corrigida

Um terremoto de magnitude 8,8 atingiu a costa leste da Rússia no final da noite desta terça-feira (29) no horário local, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). O epicentro foi registrado a aproximadamente 131 quilômetros da cidade de Petropavlovsk-Kamchatsky, principal centro urbano da Península de Kamchatka, no extremo oriental russo.

O tremor ocorreu às 23h24 (horário UTC) e teve profundidade moderada de 74 quilômetros, características que levaram as autoridades a emitirem imediatamente um alerta de tsunami para diversas regiões do Pacífico. A localização do epicentro, em área marítima próxima à costa, aumentou as preocupações sobre a formação de ondas gigantes.

As autoridades russas do Ministério de Situações de Emergência ativaram protocolos de segurança e orientaram a população costeira a se afastar das praias e buscar áreas elevadas. Pequenos vilarejos próximos ao epicentro foram colocados em estado de alerta máximo, embora não tenham sido reportadas vítimas até o momento.

"Ondas de tsunami podem ultrapassar 3 metros acima do nível da maré em algumas áreas das ilhas do noroeste do Havaí e da costa da Rússia", diz comunicado.

Região de alta atividade sísmica 

A Península de Kamchatka é reconhecida mundialmente como uma das zonas sísmicas mais ativas do planeta. Localizada no encontro das placas tectônicas do Pacífico e Norte-Americana, a região registra convergência entre essas massas continentais a uma velocidade de aproximadamente 86 milímetros por ano.

Esta atividade tectônica intensa faz da península um verdadeiro laboratório natural para estudos geológicos. Desde 1900, foram registrados pelo menos sete terremotos de magnitude 8,3 ou superior na área, demonstrando a frequência com que eventos sísmicos de grande magnitude afetam a região.

O histórico mais marcante foi em 4 de novembro de 1952, quando um terremoto de magnitude 9,0 devastou Kamchatka e gerou ondas de tsunami que atingiram o Havaí com alturas de até 9,1 metros. Apesar da destruição material significativa, o evento não causou mortes humanas.

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Alerta de tsunami mobiliza países do Pacífico

O tremor desta terça-feira ativou sistemas de monitoramento em todo o Anel de Fogo do Pacífico. O USGS emitiu avisos para o leste da Rússia, enquanto alertas secundários foram enviados para Alasca, Havaí e Japão, regiões que historicamente sofrem impactos de tsunamis originados em Kamchatka.

A Agência Meteorológica do Japão reagiu rapidamente, colocando toda a costa leste japonesa sob vigilância tsunami. Autoridades do país asiático ativaram sistemas de alerta precoce e orientaram comunidades costeiras sobre procedimentos de evacuação preventiva.

No Alasca, estado americano mais próximo do epicentro, centros de monitoramento acompanham o desenvolvimento de possíveis ondas. O Havaí, apesar da distância considerável, mantém vigilância devido aos precedentes históricos de tsunamis transoceânicos originados na região russa.

Características geológicas intensificam riscos naturais

Kamchatka abriga 127 vulcões, sendo 22 classificados como ativos, criando um cenário onde atividade sísmica e vulcânica se entrelaçam constantemente. Esta combinação única torna a península um dos locais mais geologicamente dinâmicos da Terra.

A subducção da Placa do Pacífico sob a Placa Norte-Americana gera não apenas terremotos, mas também alimenta o intenso vulcanismo regional. Este processo geológico contínuo mantém a área em constante atividade, com tremores menores ocorrendo praticamente todos os dias.

Petropavlovsk-Kamchatsky, com população superior a 160 mil habitantes, serve como principal centro administrativo e econômico da região. A cidade, construída considerando os riscos sísmicos locais, possui infraestrutura adaptada para resistir a terremotos, resultado de décadas de experiência com eventos sísmicos.

Monitoramento internacional coordena resposta

A cooperação entre agências geofísicas russas e americanas tem sido fundamental para o monitoramento eficaz da atividade sísmica em Kamchatka. O USGS mantém estações de monitoramento que complementam os sistemas russos, garantindo cobertura abrangente da região.

Dados preliminares indicam que o terremoto resultou de falhamento reverso ao longo da zona de subducção, mecanismo típico para eventos desta magnitude na região. A profundidade moderada do foco sísmico contribuiu para a propagação eficiente das ondas sísmicas, explicando a intensidade registrada.

Especialistas em sismologia alertam que a região pode experimentar réplicas significativas nas próximas horas e dias. O histórico local mostra que terremotos principais frequentemente são seguidos por sequências de tremores secundários, alguns atingindo magnitudes consideráveis.

A situação permanece sob monitoramento constante. Autoridades da Rússia e dos países que podem ser afetados mantém alertas ativos enquanto avaliam o desenvolvimento real de ondas de tsunami no Oceano Pacífico.


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