A BP, multinacional que explora parte do pré-sal brasileiro, anunciou na manhã desta segunda-feira (04) sua maior descoberta de petróleo e gás nos últimos 25 anos, no pré-sal da Bacia de Santos, cerca de 404 km da costa do Rio de Janeiro. Tudo graças ao perfuramento do poço de exploração 1‑BP‑13‑SPS, em águas profundas de aproximadamente 2.372 m, atingindo profundidade total de 5.855 m. O reservatório apresenta uma coluna de hidrocarbonetos estimada em 500 m, em carbonato de alta qualidade, abrangendo mais de 300 km².
A BP detém 100% dos direitos do bloco Bumerangue, concedido em dezembro de 2022 via rodada de Partilha de Produção da ANP, com condições comerciais consideradas muito favoráveis, incluindo participação de custos de 80% e lucro de 5,9%. A estatal Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) opera como gestora do contrato.
Segundo Gordon Birrell, vice-presidente executivo de Produção e Operações da BP, trata-se da maior descoberta da empresa em um quarto de século, reforçando o sucesso da sua estratégia de exploração global. Este é o 10º achado da BP em 2025, precedendo descobertas no Brasil (Alto de Cabo Frio Central), Egito, Trinidad, Golfo do México, Líbia, Namíbia e Angola (via joint venture Azule Energy).
Estamos entusiasmados em anunciar esta descoberta significativa em Bumerangue, a maior da bp em 25 anos. ”, disse ele.
A análise preliminar a bordo da sonda indicou níveis elevados de dióxido de carbono (CO₂) no fluido recuperado, o que pode exigir cuidados técnicos e impacto nos custos de produção. Estudos laboratoriais já foram iniciados para entender melhor o potencial do reservatório. Atividades de avaliação adicionais estão previstas, sujeitas à aprovação regulatória.
"Este é mais um sucesso em um ano excepcional para nossa equipe de exploração, reforçando nosso compromisso com o crescimento do nosso upstream. O Brasil é um país importante para a bp e nossa ambição é explorar o potencial de estabelecer um polo de produção relevante e vantajoso no país”, comemorou Gordon.
Após o anúncio, as ações da BP em Londres subiram entre 1,3% e 1,5%, refletindo o otimismo dos investidores com a reorientação da empresa ao upstream. A descoberta reforça a estratégia liderada pelo CEO Murray Auchincloss, de retorno ao foco em petróleo e gás, com investimentos previstos de US$ 10 bilhões por ano nesta área.
A BP planeja elevar sua produção global para entre 2,3 e 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2030, com potencial de expansão até 2035. A companhia vê o Brasil como país vital para estabelecer um centro de produção global.
O pré-sal da Bacia de Santos já era reconhecido por campos gigantes como o Tupi (Lula), que desde 2006 vem sustentando a produção nacional com bilhões de barris recuperáveis. A descoberta da BP pode sinalizar uma nova era de investimentos e renegociação de posições estratégicas no setor brasileiro de petróleo offshore.
O campo Tupi, operado pela Petrobras e parceiros, já foi considerado a maior descoberta no Hemisfério Ocidental em décadas. A BP agora amplia o leque de players com forte protagonismo no pré-sal. Além disso, a elevada concentração de CO₂, comum nas formações profundas brasileiras, reforça os desafios técnicos do setor.