O Sistema Único de Saúde (SUS) começou a oferecer, desde a última semana, o teste de biologia molecular DNA-HPV, indicado para o rastreamento organizado do câncer de colo do útero. A nova tecnologia é capaz de detectar 14 genótipos do papilomavírus humano (HPV), identificando a presença do vírus no organismo antes mesmo da ocorrência de lesões ou do câncer em estágios iniciais, inclusive em mulheres assintomáticas.
Segundo o Ministério da Saúde, o exame garante maior sensibilidade diagnóstica, diminui a necessidade de exames e intervenções desnecessárias e permite intervalos maiores entre coletas quando o resultado é negativo. “Por ser mais eficaz, a nova tecnologia permite ampliar os intervalos de rastreamento para até cinco anos, aumentando a eficiência e reduzindo custos”, destacou a pasta.
Além disso, o novo teste possibilita rastreamento equitativo e de alta performance, o que facilita alcançar mulheres em regiões remotas ou onde há menor oferta de serviços de saúde.
O exame é produzido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e substitui o tradicional papanicolau, que agora será utilizado apenas para confirmar casos positivos.
A coleta do teste de DNA é similar ao papanicolau, exigindo um exame ginecológico. A diferença é que a secreção do colo do útero não vai mais para uma lâmina, mas sim para um tubo com líquido conservante. Esse material segue para o laboratório, onde é realizada a pesquisa do DNA do vírus.
A incorporação da tecnologia ao SUS começou em 2024, após avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que considerou o DNA-HPV mais preciso que o exame atual.
Inicialmente, o exame será ofertado em 12 estados e no Distrito Federal: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e no Distrito Federal.
Essas localidades foram escolhidas porque já possuem serviços de referência para colposcopia e biópsia, garantindo o atendimento completo às mulheres que apresentarem resultados alterados. A implantação começa em um município de cada estado e será ampliada gradualmente até que todo o país seja contemplado. A meta do Ministério da Saúde é que, até dezembro de 2026, o rastreamento esteja disponível em toda a rede pública, beneficiando 7 milhões de mulheres de 25 a 64 anos todos os anos.
O HPV é a principal causa do câncer de colo do útero, terceiro tipo mais incidente entre as mulheres no Brasil, com 17 mil novos casos estimados por ano no triênio 2023-2025.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que a doença atinge 15 mulheres a cada 100 mil habitantes. O câncer do colo do útero é, ainda, o que mais mata mulheres no Nordeste brasileiro, resultando em 20 óbitos por dia, número que pode ser até seis vezes maior que os casos de feminicídio em alguns estados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a testagem do HPV como padrão ouro para detecção da doença. A estratégia faz parte do plano global da entidade para eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública até 2030.
Com informações: Agência Brasil.