A primavera de 2025 começa oficialmente na próxima segunda-feira (22), às 15h19 (horário de Brasília), mas ao contrário do que muitos esperam da estação das flores, o início da nova temporada será marcado por fortes temporais, ventos intensos e queda de temperatura em diversas regiões do Brasil.
De acordo com previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma frente fria intensa vai avançar pelo país entre os dias 22 e 24 de setembro, atingindo as regiões Sul, Sudeste, além de partes do Centro-Oeste e Norte. A mudança no clima será brusca, com tempestades acompanhadas de rajadas de vento, seguidas por uma massa de ar frio e seco que causará declínio acentuado das temperaturas.
Antes mesmo da chegada da primavera, os efeitos do novo sistema já começam a ser sentidos. O Inmet alerta para temporais no sábado e domingo (21 e 22) especialmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, com descargas elétricas, rajadas de vento e possível queda de granizo. Os volumes de chuva podem ser significativos, o que aumenta o risco de alagamentos e transtornos.
Com o avanço da massa de ar frio, o Rio Grande do Sul será o primeiro estado a registrar quedas expressivas de temperatura. A previsão é de geada em áreas mais altas, algo incomum para esta época do ano. A onda de frio deve se espalhar ao longo da semana por outras partes do Centro-Sul e até chegar à Região Norte, onde o fenômeno é conhecido como friagem.
Ainda segundo o Inmet, no próprio dia 22, data da chegada oficial da primavera, a frente fria alcançará o Sudeste, avançando também pelos estados do Centro-Oeste e podendo atingir o sudoeste da Amazônia. Com isso, cidades do Mato Grosso do Sul e até o sul e sudoeste de São Paulo estão na rota dos temporais.
Outro fator importante para entender esse cenário climático é a presença do La Niña, fenômeno que impacta diretamente o comportamento das chuvas no Hemisfério Sul. Um relatório da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, aponta que o La Niña pode intensificar a umidade vinda da Amazônia e alterar a formação de sistemas meteorológicos, especialmente durante a primavera.
A meteorologista Danielle Ferreira, do Inmet, destaca que em anos de La Niña costuma haver redução das chuvas na Região Sul, tanto em quantidade quanto em frequência, o que pode resultar em períodos prolongados de seca. No entanto, ela explica que esse padrão pode variar bastante de acordo com outros elementos do clima.
De acordo com Danielle, os efeitos do La Niña fazem com que as frentes frias se desloquem mais rapidamente pela parte leste da Região Sul, levando mais chuvas para o Sudeste e até para o litoral do Nordeste. No entanto, ela ressalta que esse comportamento típico nem sempre se confirma, pois depende também da temperatura do Oceano Atlântico, que pode atenuar ou intensificar os efeitos do fenômeno.
Ambos os fenômenos têm origem no Oceano Pacífico Equatorial, o que reforça a importância dos oceanos na regulação climática global. Segundo Danielle Ferreira, a diferença principal entre eles está na temperatura das águas: o El Niño representa um aquecimento anômalo, enquanto o La Niña é caracterizado pelo resfriamento anômalo dessa região oceânica. Por isso, o monitoramento constante das condições oceânicas é essencial para prever os impactos no clima.
Apesar do início turbulento, a primavera continua sendo conhecida como a "estação das flores", por marcar o renascimento da vegetação após o inverno. A elevação das temperaturas e o aumento da umidade favorecem o florescimento de diversas espécies, tornando jardins, parques e campos mais coloridos e vibrantes.
Contudo, neste ano, o Brasil começa a primavera sob o impacto direto de fenômenos climáticos complexos, que reforçam a necessidade de atenção às previsões meteorológicas e aos alertas emitidos por órgãos oficiais.
Com informações: Agência Brasil.
