Homem sobrevive por 100 dias com coração de titânio até transplante

BiVACOR é um avanço na cardiologia e pode revolucionar o tratamento da insuficiência cardíaca.

Por Geisa Ferreira da Silva
13/03/2025 11h33 - Atualizado há 1 mês
Homem sobrevive por 100 dias com coração de titânio até transplante
O BiVACOR, primeiro coração artificial totalmente implantável, pode revolucionar o tratamento da insuficiência cardíaca. Foto: Divulgação

Um homem australiano na faixa dos 40 anos se tornou a primeira pessoa no mundo a deixar o hospital com um coração artificial de titânio. Ele ficou com com o dispositivo por mais de três meses antes de receber um transplante de coração humano. O feito foi realizado pelo St Vincent’s Hospital, em Sydney, e marca um avanço significativo na medicina cardiovascular.

A inovação, chamada BiVACOR, foi projetada como um dispositivo paliativo para pacientes com insuficiência cardíaca grave que aguardam um transplante de coração. Até então, todos os receptores desse coração artificial haviam permanecido internados nos Estados Unidos enquanto utilizavam o dispositivo.

O australiano é o sexto paciente no mundo a receber o BiVACOR, mas o primeiro a viver com ele fora do ambiente hospitalar por mais de um mês. Segundo os médicos, após surgir um doador humano ele passou pela cirurgia de transplante com sucesso e está se recuperando bem.

 
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Um marco na cardiologia

A comunidade médica recebeu a notícia com grande entusiasmo já que ao contrário das experiências anteriores, este paciente não precisou de monitoramento constante por uma equipe médica.

Embora o dispositivo tenha sido projetado como uma solução temporária para quem aguarda um transplante, especialistas acreditam que ele pode, no futuro, se tornar uma alternativa permanente para pacientes que não são elegíveis para transplantes de coração, seja devido à idade avançada ou a outras condições de saúde.

"Essa conquista histórica não teria sido possível sem o apoio da St Vincent's Curran Foundation, que arrecadou US$ 41 milhões para o Heart Lung Innovation Fund desde 2014. Graças a essa generosidade, a St Vincent's continua a expandir os limites da ciência médica e melhorar os resultados para os pacientes." lembrou o hospital, por meio de seu site oficial.

 

 

A tecnologia por trás do BiVACOR

Criado pelo engenheiro biomédico Daniel Timms, o BiVACOR representa uma abordagem revolucionária para dispositivos cardíacos artificiais. Diferente das bombas cardíacas tradicionais, que funcionam acumulando sangue em um reservatório flexível que se expande e contrai, o BiVACOR substitui completamente o coração humano e utiliza um rotor suspenso magneticamente para impulsionar o sangue de forma contínua.

O dispositivo é conectado a um controlador externo portátil, que funciona com baterias durante o dia e pode ser ligado à rede elétrica à noite. A principal vantagem do BiVACOR em relação aos dispositivos mecânicos existentes é que ele tem apenas uma parte móvel, reduzindo significativamente as chances de falhas e desgaste mecânico.

 

O futuro do coração artificial

A insuficiência cardíaca afeta milhões de pessoas no mundo. Apenas nos Estados Unidos, cerca de 7 milhões de adultos convivem com a condição, mas, em 2023, foram realizados apenas 4.500 transplantes cardíacos, devido à escassez de doadores. Com isso, corações artificiais como o BiVACOR podem se tornar uma solução viável para muitos pacientes.

Os ensaios clínicos continuam nos Estados Unidos, onde a equipe de Timms trabalha para obter aprovação regulatória e tornar o dispositivo acessível a um maior número de pacientes.

Se os testes forem bem-sucedidos, o BiVACOR pode inaugurar uma nova era no tratamento da insuficiência cardíaca, permitindo que mais pessoas tenham acesso a uma alternativa eficaz e duradoura.

O caso do paciente australiano abre portas para que mais pessoas possam, no futuro, viver normalmente com um coração artificial.

O BiVACOR pode representar o próximo grande salto na medicina cardiovascular, oferecendo esperança para milhões de pacientes ao redor do mundo.


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