Dormir do lado esquerdo reduz sintomas de refluxo noturno

Posição lateral esquerda durante o sono pode aliviar azia e melhorar a digestão, apontam estudos.

Por Geisa Ferreira da Silva
22/04/2025 10h40 - Atualizado há 3 dias
Dormir do lado esquerdo reduz sintomas de refluxo noturno
Dormir sobre o lado esquerdo ajuda a reduzir o refluxo noturno, melhorando a qualidade do sono

Se tem coisa mais chata que refluxo, eu ainda não conheço. Para quem sofre com refluxo gastroesofágico, escolher a posição certa para dormir pode ser uma aliada importante no alívio dos sintomas. A dica é simples: dormir sobre o lado esquerdo do corpo para reduzir episódios de azia e regurgitação durante a noite.​

Essa orientação não é à toa e pode ser explicada pela própria anatomia do sistema digestivo humano. O estômago está localizado predominantemente no lado esquerdo do corpo, e o esôfago se conecta a ele pela parte superior. Quando a gente deita sobre o lado esquerdo, a gravidade ajuda a manter o conteúdo gástrico no estômago, dificultando seu retorno ao esôfago e, consequentemente, reduzindo os sintomas de refluxo.​

Estudos confirmam 

Pesquisas científicas reforçam a eficácia dessa prática. Um estudo publicado no Journal of Clinical Gastroenterology demonstrou que pacientes que dormem sobre o lado esquerdo apresentam menos episódios de refluxo noturno em comparação com aqueles que dormem sobre o lado direito ou de costas. A posição lateral esquerda se mostrou eficaz em reduzir a exposição do esôfago ao ácido gástrico, proporcionando alívio significativo dos sintomas.​

Além disso, a terapia posicional, que incentiva o sono na posição lateral esquerda, tem sido utilizada como abordagem não farmacológica para o tratamento do refluxo noturno. Dispositivos específicos ajudam a manter essa posição durante o sono, contribuindo para a melhora dos sintomas e da qualidade do sono dos pacientes.​

Outras medidas 

Adotar a posição correta ao dormir é uma das estratégias para controlar o refluxo, mas outras medidas também são recomendadas:

  • Evitar refeições pesadas antes de dormir: consumir alimentos leves e aguardar pelo menos duas horas antes de se deitar.

  • Elevar a cabeceira da cama: manter a parte superior do corpo elevada pode impedir o retorno do ácido gástrico ao esôfago.

  • Evitar alimentos que desencadeiam o refluxo: como alimentos gordurosos, cafeína, chocolate e bebidas alcoólicas.

  • Manter um peso saudável: o excesso de peso pode aumentar a pressão sobre o estômago, favorecendo o refluxo.​

 
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Importância do acompanhamento médico

Embora mudanças no estilo de vida e na posição ao dormir possam aliviar os sintomas do refluxo, é fundamental buscar orientação médica para um diagnóstico preciso e tratamento adequado. O refluxo gastroesofágico não tratado pode levar a complicações mais graves, como esofagite e úlceras.​

 

Mas afinal, o que é o refluxo?

O refluxo gastroesofágico é uma condição que afeta milhões de pessoas no mundo e acontece quando o conteúdo do estômago retorna para o esôfago, provocando sintomas incômodos como azia, dor no peito e sensação de queimação na garganta. Acredite, é horrível. Embora seja comum, o problema pode impactar significativamente o bem-estar e, quando ignorado, causar complicações sérias.

Esse distúrbio acontece devido a uma falha no funcionamento da válvula chamada esfíncter esofágico inferior. Essa estrutura funciona como uma espécie de “porta” que se abre para permitir a passagem dos alimentos para o estômago e se fecha logo após. Quando ela não se fecha corretamente, o ácido gástrico pode subir, causando o refluxo.

Principais causas do refluxo gastroesofágico

Entre os fatores que favorecem o desenvolvimento do refluxo estão:

  • Alimentação inadequada: consumo excessivo de alimentos gordurosos, frituras, chocolate, cafeína, álcool e comidas apimentadas.

  • Obesidade: o excesso de peso aumenta a pressão sobre o abdômen, facilitando o retorno do ácido gástrico.

  • Gravidez: alterações hormonais e o crescimento do útero podem pressionar o estômago, favorecendo o refluxo.

  • Tabagismo: fumar compromete o funcionamento do esfíncter esofágico inferior.

  • Uso de certos medicamentos: como anti-inflamatórios, sedativos e antidepressivos, que podem afetar o sistema digestivo.

Sintomas mais comuns do refluxo

O principal sintoma é a azia, uma sensação de queimação que começa no estômago e pode subir até a garganta. Outros sinais incluem:

  • Regurgitação de alimentos ou líquidos ácidos;

  • Dor no peito que pode ser confundida com problemas cardíacos;

  • Rouquidão ou dor de garganta constante;

  • Tosse seca, especialmente à noite;

  • Dificuldade para engolir;

  • Sensação de bolo na garganta.

Diagnóstico e exames indicados

Para diagnosticar o refluxo, o médico pode se basear nos sintomas descritos pelo paciente, mas exames também são importantes para confirmar o quadro e descartar outras doenças. Entre os principais estão:

  • Endoscopia digestiva alta: avalia diretamente o esôfago e o estômago, identificando inflamações ou lesões.

  • pHmetria esofágica: mede o nível de acidez no esôfago ao longo de 24 horas.

  • Manometria esofágica: analisa a função motora do esôfago e do esfíncter esofágico inferior.

Tratamentos para refluxo: do estilo de vida aos medicamentos

O tratamento do refluxo pode variar de acordo com a gravidade dos sintomas. Mudanças no estilo de vida são essenciais para todos os pacientes, como:

  • Evitar deitar logo após as refeições;

  • Dormir com a cabeceira da cama elevada;

  • Adotar uma dieta equilibrada e evitar os alimentos gatilhos;

  • Praticar atividade física regular e controlar o peso.

Medicamentos também são amplamente utilizados, como os inibidores de bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol) e os antiácidos. Em casos mais graves ou quando não há resposta aos tratamentos clínicos, pode-se considerar cirurgia, como a fundoplicatura.

Refluxo silencioso: uma ameaça invisível

Um subtipo importante é o chamado refluxo silencioso, que não causa azia, mas pode provocar tosse crônica, rouquidão, pigarro constante e sensação de algo preso na garganta. Por não apresentar os sintomas clássicos, muitas vezes o diagnóstico é tardio, e a condição pode evoluir para problemas respiratórios ou inflamações nas vias aéreas.

Complicações do refluxo não tratado

Ignorar os sintomas do refluxo pode levar a consequências sérias, como:

  • Esofagite: inflamação do esôfago causada pela ação constante do ácido;

  • Estenose esofágica: estreitamento do esôfago, dificultando a passagem dos alimentos;

  • Esôfago de Barrett: alteração nas células do esôfago que pode aumentar o risco de câncer esofágico.

 

 


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