Um projeto bilionário promete mudar a logística entre Minas Gerais e o litoral do Rio de Janeiro e aliviar um dos trechos rodoviários mais perigosos do país. Trata-se da ferrovia Ramal Serra Azul, uma linha férrea de 26,5 km que deve retirar mais de 5 mil carretas por dia da Rodovia Fernão Dias (BR-381), via que liga Minas a São Paulo e recebe, em média, 250 mil veículos diariamente.
O objetivo da obra é reduzir em cerca de 400 km o trajeto até o Porto de Itaguaí, no Rio, encurtando o escoamento do minério de ferro e aumentando a competitividade do setor mineral. Segundo a empesa responsável pelo empreendimento, as obras devem começar em 2027 e a operação está prevista para o primeiro semestre de 2030.
A nova ferrovia será conectada à malha da MRS Logística S.A., criando uma alternativa estratégica para reduzir a dependência do transporte rodoviário que, no Brasil, ainda representa cerca de 65% do transporte de cargas, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT).
A redução no tráfego pesado pode representar um ganho significativo para a segurança. Entre 2021 e 2024, a Polícia Rodoviária Federal registrou mais de 7 mil acidentes na Fernão Dias, sendo 440 fatais.
Retirar milhares de carretas por dia da via é visto por especialistas como uma medida crucial para salvar vidas e melhorar o fluxo.
Apesar dos benefícios logísticos, o projeto enfrenta críticas de ambientalistas, principalmente pela possibilidade de implantação de um mineroduto junto à ferrovia, o que poderia ampliar os impactos ambientais na região. A preocupação é que esse tipo de infraestrutura, caso aprovado, altere ecossistemas e afete comunidades próximas.
Por outro lado, defensores da obra destacam que o transporte ferroviário é muito menos poluente que o rodoviário. Dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases (SEEG) indicam que a ferrovia pode emitir até 88% menos gás carbônico por tonelada transportada em relação às carretas.
O Ramal Serra Azul é classificado como uma shortline, termo usado para pequenos trechos ferroviários, mas seu potencial vai muito além da extensão. Ao se conectar à rede ferroviária já existente, promete aumentar a eficiência no fluxo de embarques e reduzir custos operacionais, beneficiando o setor mineral e outros segmentos econômicos.
Com início das obras marcado para 2027 e previsão de funcionamento em 2030, a ferrovia é apontada como uma das principais apostas para modernizar a logística no Sudeste, ao mesmo tempo em que reduz congestionamentos, emissões e acidentes na movimentada Fernão Dias.
